A história deste fruto se liga ao Equador desde os primeiros registros de seu cultivo, há mais de 5.000 anos. Conheça a importância da “Semente de Ouro” equatoriana na história da chocolataria mundial.
Os primeiros registros históricos asseguravam, até pouco tempo atrás, que o cultivo e o uso de cacau eram originários das culturas do centro e norte do continente americano: astecas, maias, toltecas, que começaram a consumi-lo há mais de 2.000 anos antes de sua expansão pelo resto da América. Contudo, novas descobertas científicas determinaram que o consumo de cacau era uma prática comum há mais de 5.000 anos na Amazônia equatoriana. Na comunidade de Palanda, Província de Zamora Chinchipe, precisamente, onde mediante escavações e estudos realizados pelo arqueólogo Francisco Valdez, foram encontradas tumbas com oferendas e restos de alimentos; entre eles, restos de cacau. Assim documenta a série audiovisual El Gran Cacao, apresentada pelo Instituto Ecuatoriano de la Propiedad Intelectual em 2014.
A cultura Mayo Chinchipe, que se desenvolveu na Amazônia ocidental, chama a atenção por suas complexas interações em nível regional em uma época muito antiga. A cultura tinha uma ampla rede de contatos com povos circundantes, de norte a sul e também em distintas regiões climáticas. A arte de gravar em pedra é uma das amostras de maior sofisticação dos Mayo Chinchipe; estes recipientes foram encontrados ao longo de todo o rio Chinchipe.
Assentada no que atualmente se conhece como a localidade de Palanda, o povo originário representante da cultura Mayo-Chinchipe habitou o sul da Amazônia equatoriana há pelo menos 5.500 anos, segundo mostram as provas de carbono 14. Esta cultura estava organizada em aldeias e construções com formas circulares, e sua principal forma de subsistência era através da agricultura.
É o povo mais antigo do qual se tenha registro na zona ocidental da Amazônia. E, com base nas descobertas recentes, consegue-se determinar que sua organização teve certa “sofisticação social”, na medida em que as conchas marinhas (strombus e spondylus), encontradas na região, sugerem modos de
intercâmbio com outros grupos étnicos. Sobre os resíduos de theobroma (nome científico do cacau) encontrados em vasilhas e pratos, considera-se que eram utilizados para a elaboração de uma bebida de caráter energético, produzida com o cacau amazônico, muito importante para esta cultura, visto que inclusive era “enviada ao além com os mortos”.
A variedade de cacau cultivada por esta cultura amazônica foi justamente a que caracteriza o país, o cacau fino de aroma. Estes restos foram encontrados na jazida Santa Ana-La Florida, situada a 1.040 metros sobre o nível do mar. O cacau amazônico, então, como disse o arqueólogo Francisco Valdez, foi trasladado
por meio de algum mecanismo para o centro da América. Ao chegar lá adquiriu grande importância cultural, e no tempo da colônia começou sua exportação à Europa.